sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

SÓ LOVE, OU, MAIS ADRIANO. VAI DAR CERTO...

Paixão antiga: há seis anos, Love já sonhava jogar pelo Flamengo

Atacante, revelava seu amor pelo clube




Era uma daquelas manhãs quentíssimas em Bangu, Zona Oeste do Rio, conhecido por ser o bairro de maior temperatura média da cidade. Naquele dezembro de 2003, Vagner Love, aos dezenove anos, ainda descansava do papel de protagonista no título brasileiro da segunda divisão pelo Palmeiras, que levou o clube de volta à Série A no ano seguinte. Vagner tinha sido artilheiro da competição, com dezenove gols.

No bairro onde cresceu, na casa humilde nas cercanias do estádio de Moça Bonita, Vagner nos recebeu para uma reportagem que encerraria o Globo Esporte no dia seguinte. Ainda sem a vasta cabeleira que hoje ostenta, e perto de familiares, falou da infância humilde. Misturado aos meninos que o tinham como exemplo, voltou ao campinho de terra nos fundos do velho estádio.

Ao subir os degraus da arquibancada, mirou o modesto gramado. Com indisfarçável e inesquecível brilho nos olhos, o artilheiro falou do Flamengo, das tardes em que se deslumbrou ao ver o time do coração no acanhado estádio.

Depois, com câmeras e microfones desligados, disse que um dia jogaria com a camisa rubro-negra. Era o sonho de conquistar o seu espaço, entre tantos "Pedacinhos do Céu", música de Waldir Azevedo que escolhemos para sonorizar a edição da reportagem.




Seis anos depois, o pedacinho de Love no céu rubro-negro está reservado

Love recebe a camisa 9 do Fla, realiza o sonho antigo, e não segura o choro

Atacante mostra animação ao comentar a futura dupla com Adriano e revela a ansiedade durante a negociação: 'Não conseguia dormir direito'




O casamento está oficialmente sacramentado. Rubro-Negro da cabeça aos pés, o "torcedor-jogador" Vagner Love foi apresentado como principal reforço do Flamengo para a temporada 2010, quando o clube disputará a Taça Libertadores. E a emoção foi grande. Ao receber a camisa 9, o centroavante disse que estava realizando um sonho de infância e não conseguiu segurar o choro.

- Estou arrepiado. Não é brincadeira não, é complicado até falar. É um sonho de infância. Só eu e quem me acompanha sabe (chora). Todos envolvidos estão de parabéns. Quero agradecer o carinho da torcida. Vou fazer de tudo para retribuir, porque sei que torceram muito. A partir de amanhã (sábado) no treino vou dar minha vida - afirmou o artilheiro do amor.

Love comentou sobre sua ansiedade durante toda a novela que foi a negociação com o Palmeiras e o CSKA, da Rússia. O jogador disse que só conseguiu ter uma noite tranquila de sono quando a contratação estava confirmada.

- Quando começou a negociação, já nem dormia direito. Ficava martelando na cabeça. Graças a Deus deu tudo certo. Também fico feliz que o grupo esteja de braços abertos para a minha chegada. É um prazer muito grande. Quando acertamos, foi o único dia que consegui dormir bem - contou.

A ansiedade se reflete no desejo de estrear o mais rapidamente possível.

- Só depende do treinador. Se tivesse condição, já estreava domingo - disse o jogador, que chegou atrasado à apresentação porque demorou a mudar o visual no cabelereiro.

Love é cercado na subida da escadaria da sede da Gávea: saem as tranças azuis, entram as rubro-negras

Sobre a dupla com Adriano, Vagner Love não escondeu a animação. Ele, no entanto, diz que prefere esperar as coisas acontecerem dentro do campo para depois comemorar.

- Ainda não podemos (dizer que é a melhor dupla do Brasil). Não jogamos juntos pelo Flamengo. No papel, tem tudo para dar certo. Vamos procurar fazer isso, treinar muito.
Vagner Love assinou contrato com o Flamengo até o dia 31 de julho de 2010. Ele foi o segundo jogador a ser apresentado no Salão Nobre do clube. Antes, o primeiro a receber essa honraria foi Adriano.

Para conseguir a liberação no Alviverde, Love abriu mão de parte do que o clube lhe devia, referente a luvas e os salários de dezembro e 13º.

O atacante foi recepcionado com muita festa. Alguns torcedores usaram chapéus com tranças e carregaram corações de pelúcia. Do lado de fora do clube, um carro de som tocava temas relacionados ao Flamengo e a música "Só Love", dos cantores Claudinho e Buchecha. Os torcedores, porém, não tiveram acesso ao local da entrevista.
Fonte: globoesporte.com