segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O MELHOR DO MOMENTO DA NARRAÇÃO ESPORTIVA DO RÁDIO


Top 5: cinco causos curiosos do 'Garotinho' José Carlos Araújo
Um dos maiores locutores da história do rádio brasileiro conta os problemas que já viveu no ar durante as transmissões esportivas e nas viagens

José Carlos Araújo, um ícone do rádio brasileiro,
é autor de bordões memoráveis (Foto: Divulgação)
Um dos maiores locutores de todos os tempos do rádio brasileiro, o "Garotinho" José Carlos Araújo já viveu e presenciou momentos marcantes do futebol. Aos 70 anos, já cobriu Copas do Mundo, Jogos Olímpicos e outros torneios internacionais importantes. Com sua voz e seu estilo inconfundíveis, criou bordões icomo o "Atirou, entrou!", "Golão, golão, golão!", "Apite comigo, galera" e "Vai mais, vai mais, garotinho", entre outros. E passou por situações inusitadas.
Com a humildade comum aos grandes profissionais, o Garotinho confessa que, nas ondas do rádio, errou na estreia, trocou seleções numa narração, passou por crises de soluço, se salvou num improviso graças a uma banda que tocou Chico Buarque e levou sustos sucessivos em Bucareste.  Veja abaixo os cinco "causos" curiosos do grande locutor.
Estreia ruim com os juvenis
"O primeiro jogo que transmiti em minha carreira foi uma partida de juvenis pelo Torneio Início, em 1964, nas Laranjeiras, entre Canto do Rio e Madureira. O jogo começou ao meio-dia, e meu desempenho foi um caos. Trocava tudo, errava a escalação..."
Portugal ou Iraque?
"Essa foi na Copa Independência de 1972, aqui no Brasil, competição para comemorar os 150 anos de independência do país. Na ocasião, me escalaram para narrar para a Rádio Nacional Portuguesa Portugal x Iraque, no Recife. Era quase meia-noite, cheguei em cima da hora. No campo, estavam o time de vermelho e o de branco. Como Portugal jogava sempre de vermelho, pensei que fosse Portugal. O time de branco venceu por 3 a 0, e o tempo todo eu narrei como se fosse o Iraque. Só que era Portugal. Naquele jogo, não tive retorno nenhum, estava sem repórter, sem comentarista. Fiz sozinho a transmissão. Pior que até hoje ninguém reclamou da transmissão de Iraque 3 x 0 Portugal..."
Gelo para o soluço
"Tive uma crise de soluço enorme num Flamengo x América, em 1984, em Moça Bonita. A sorte foi que o jogo estava parado, porque o Luisinho Lemos, atacante do América, tinha se machucado. Enquanto a crise de soluços não passava, deixei o microfone com o Washington Rodrigues, que era meu comentarista. Um médico, o doutor Jorge da Matta, que está no Inca até hoje, ligou para a rádio, pedindo que eu chupasse gelo. Um segurança do estádio me mandou, enrolado em um jornal. Lembro bem que botei aquele gelo na boca todo sujo, cinzento. Mas resolveu."
Para ver a banda passar...
"Foi na minha primeira transmissão internacional: Alemanha 3 x 2 Escócia, em Hamburgo, pelas eliminatórias da Copa, em outubro de 1969. A transmissão estava sem comentarista e sem repórter. Fui obrigado a improvisar no intervalo. Tinha que falar por 15 minutos. A sorte é que apareceu uma banda lá, acho que era da polícia. E eles começaram a tocar a música "A banda", do Chico Buarque. Meti um H que era uma homenagem à imprensa brasileira presente à partida."
Sustos em Bucareste
"Fui para Bucareste narrar Romênia x Portugal. A Romênia vivia tempos duros, mais fechados. Atravessei uma rua larga, uma espécie de Presidente Vargas, com aquela mala enorme. Como estava fora do sinal, o guarda me parou, ia me prender. Expliquei que era jornalista e estava sem lugar para ficar. Ele me liberou. Aí encontrei o Simões, que foi da Seleção Portuguesa. Ele pediu para eu procurar o Elias Zacour, uma espécie de empresário naquela época. Deu uma nota de 10 dólares para o cara da recepção. Logo em seguida, me arrumaram um lugar para eu me acomodar. Ou seja: por aquela quantia, desalojaram alguém. Aí, deixei as coisas e dei uma saída. Quando voltei, havia dois estudantes na minha cama. Eles queriam trocar leiem - moeda romena - por dólar. Estavam foragidos da polícia. Foi difícil...
FONTE: globoesporte.com