sexta-feira, 26 de agosto de 2011


De olho em 2018, Zico embarca e já pensa no apoio da 'Fla-Iraque' em 2014
Galinho viaja para assumir seleção iraquiana, diz que vaga para Copa no Brasil não é impossível e que espera torcida do Flamengo no Maracanã
Zico embarcou na tarde desta quinta-feira rumo a Bagdá, onde vai começar a trabalhar como técnico do Iraque. No Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim/Galeão, o ídolo do Flamengo afirmou que a classificação para a Copa do Mundo de 2014 não é um sonho impossível e que seu projeto no país inclui a preparação até para 2018. Assediado por fãs antes de seguir para o avião, o Galinho não esqueceu o carinho dos rubro-negros e disse que espera contar com a "Nação" no Mundial no Brasil.
- Vamos convocar a torcida do Mengão para torcer para a gente - disse Zico, com bom humor.
O técnico já fará sua estreia pelo Iraque na próxima sexta-feira contra a Jordânia, pelo Grupo A da terceira fase das eliminatórias asiáticas para 2014. Quatro dias depois, o Iraque encara Cingapura. A chave conta ainda com a China. Os dois primeiros colocados dos grupos avançam para a quarta fase, quando as dez seleções serão divididas em dois grupos de cinco times. Assim, os dois líderes e os dois vices se classificam para a Copa, enquanto os dois terceiros farão mata-mata para decidir quem enfrentará o quinto colocado da América do Sul na repescagem.
- Não é um sonho nos classificarmos para a Copa. A safra de jogadores é muito boa. Já conheço bem o futebol iraquiano, eles conquistaram a última Copa da Ásia com o meu amigo Jorvan Vieira (treinador), que foi meu colega de faculdade - disse o Galinho.
O contrato do Galinho é até 2014, mas o ex-camisa 10 está confiante em fazer parte da seleção iraquiana até a Copa na Rússia, quatro anos depois. A presença de Zico é uma estratégia do Iraque para usar o futebol como fator de pacificação no país.
- O futebol é um dos maiores instrumentos para a paz. O  iraque é um país fantástico. Nosso projeto é até 2018, para continuar como instrumento de pacificação.
Insegurança
- Quando se fala em Iraque, todo mundo pensa em Bagdá. Bomba estoura todo dia em todo lugar. Se eu me preocupar com violência, não saio nem na rua. Sou amigo de Deus, e futebol é das coisas que mais trazem paz ao mundo.
Casa perto da fronteira turca
- Vou ver se consigo trazer turcos comigo, e a torcida do Fenerbahçe para torcer pelo Iraque (Zico treinou o gigante turco por duas temporadas).
Apoio da torcida do Flamengo ao Japão em 2006
- Acho que vai ser ainda mais forte se a gente se classificar para a Copa, porque vai ser no Maracanã. Vamos convocar a torcida do Mengão para torcer para a gente.
Passagem do irmão Edu pelo Iraque em 1986
- Esse é o destino da família Antunes. Em 1986, Edu dirigiu os últimos dois jogos contra a Síria nas eliminatórias e acabou classificando o Iraque para a Copa (Evaristo de Macedo comandou a seleção no Mundial no México).
Jogo pelo Flamengo contra a seleção iraquiana no país
- Joguei em 1986 com casa cheia, uma torcida imensa. Apesar disso, passei quatro dias de muita insegurança, acuado e com medo. Espero dar uma contribuição para a paz. Naquela época fiquei muito preocupado com meus irmãos (Edu era o técnico e Antunes fazia parte da comissão).
Estreia na próxima sexta
- Temos uma semana, mas eles já têm uma base. Apesar do campeonato local ainda não ter começado, a maioria joga fora, em países como Irã, Emirados Árabes, Qatar, Turquia. Eles acabaram de vencer um amistoso contra o Qatar (1 a 0, na última sexta).
Zico 'esquece' gol contra o Iraque para não tirar onda com irmão Edu
Galinho marcou em amistoso do Flamengo contra iraquianos em 1986, quando irmão comandava a seleção asiática
Com gols distribuídos por diversos países, Zico já vazou até a seleção que comandará pelos próximos quatro anos. No dia 5 de fevereiro de 1986, ele e Bebeto marcaram na vitória por 2 a 0 do Flamengo sobre o Iraque, em amistoso realizado no Estádio El Shabbad, em Bagdá. Antes de embarcar rumo à sua nova moradia nesta quinta-feira, o Galinho foi questionado a respeito do lance, mas garantiu não se recordar, aliviando a pele de Edu, seu irmão e treinador da seleção asiática no duelo em questão.
- Não me lembro, não (risos). O Edu era o treinador... Edu (gritando em direção ao irmão), o cara quer que eu lembre de um gol contra o seu time, mas o que é isso? - divertiu-se, às gargalhadas.
Sobre a passagem pelo Iraque, para onde retornará como integrante da comissão técnica capitaneada pelo Galinho, o ídolo do América brinca e explica que razão lhe tirou da disputa da Copa de 1986 - ele dirigiu a seleção local durante as Eliminatórias para o Mundial do México. Craque revela ter escapado do perigo, rindo muito.
- Cheguei para ser o treinador, mas depois chamaram o Evaristo. Ele é uma pessoa muito querida, mas eu disse que não gostaria de trabalhar com brasileiros. Resolvi voltar. A guerra na época era mais tranquila, com o Irã. Depois dei sorte, porque o Kuwait invadiu e eu já tinha embora (risos).

Chegada de Zico é combustível para 'Jogo da Paz' em Bagdá, revela irmão
Ex-técnico da seleção iraquiana, Edu revela manter conversas com dirigentes do Oriente Médio e vê no Galinho um 'embaixador da paz'
Com experiência no futebol do Oriente Médio, onde trabalhou como técnico da seleção iraquiana em 1986, Edu Coimbra, irmão de Zico, acha que a chegada do Galinho ao Iraque pode representar um início de uma era pacífica na região. O ex-jogador do América vê no ídolo do Flamengo um embaixador da paz. O símbolo disso seria a realização de um amistoso em Bagdá, capital do país e alvo de conflitos constantes, num futuro próximo.
- Eles têm um projeto de pacificação que vai de hoje até 2018. Eu já trabalhei lá e vinha conversando há um bom tempo com dirigentes da Jordânia. A partir do momento em que chegaram no Zico, deixei a negociação com eles. Existe alguém melhor que o Zico para ajudar na pacificação? A intenção seria fazer um jogo parecido com aquele do Haiti (em 2004, quando o Brasil fez 6 a 0 na seleção haitiana em amistoso que ficou conhecido como o "Jogo da Paz") - revelou.
Edu classificou o Iraque para a Copa do Mundo de 1986, mas deixou o comando da seleção com Evaristo de Macedo, que treinou a equipe no Mundial do México. Além de um indicativo de tranquilidade e alegria, o Galinho, na visão do irmão, certamente abrirá portas novamente para profissionais brasileiros.
 - Temos diversos profissionais qualificados que poderiam trabalhar lá (No Oriente Médio). Já conversei com o Ernesto Paulo e Renato Trindade, entre outros. É preciso colocar os brasileiros nesse mercado, que pode se tornar muito amplo - opinou.
Em um projeção para os próximos anos, nos quais se dedicará à luta por uma vaga na Copa de 2014 como auxiliar de Zico, Edu mostra otimismo e não esconde o bom humor.
- Que Alá permita que a gente consiga vencer e ter sucesso (risos) - brincou.
Contratado com a missão de classificar o Iraque para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, Zico sabe que sua presença no país servirá como uma bandeira contra a violência:
- O futebol é um dos maiores instrumentos para a paz. O Iraque é um país fantástico. Nosso projeto é até 2018, para continuar como instrumento de pacificação.

Fonte: globoesporte.com