domingo, 13 de fevereiro de 2011


Ataque ou defesa? Eis a questão

Campeão brasileiro da série C, atual detentor do título estadual e apontado como o grande favorito para conquistar o estadual desse ano. Esse é o ABC antes do início da disputa. Rebaixado para a série C do Brasileiro, elenco completamento reformulado e há oito anos não consegue conquistar o campeonato potiguar. Esse é o retrato do América no final de 2010. Esqueçam o passado. O Alvinegro vem de um início de temporada sem conseguir empolgar seu torcedor e passando por uma crise interna. O Alvirrubro é líder do estadual com quatro vitórias em quatro partida e ainda não levou um gol sequer na disputa. E então, quem é o favorito para sair vitorioso no primeiro clássico-Rei de 2011, que vai ser disputado hoje, às 17h, no Machadão?

Rodrigo Sena Leandrão, João Paulo e Cascata foram responsáveis por seis dos 11 gols que o ABC marcou até o momento no campeonato
Se os torcedores abecedistas forem seguidores do ditado “a melhor defesa é o ataque”, então não vão ter que se preocupar. Afinal, o time fez 11 gols nas primeiras quatro rodadas. Quase três gols por jogo. Agora, vão enfrentar a defesa mais sólida da competição. “ Tenho muito respeito pelos profissionais que estão do outro lado, mas aqui é meu clube e temos que vencer essa partida para não deixar o América se distanciar. Vamos fazer de tudo para que a invencibilidade deles acabem”, disse o meio-campo Cascata, vice-artilheiro da competição, com três gols.

Pelos lados do América, o ditado poderia ser invertido. “O melhor ataque é a defesa”. Até agora, nenhum time conseguiu passar pela barreira montada pelo técnico americano, Dado Cavalcanti, que tem como seus pilares o goleiro Tutti e os zagueiro Robson e Mauro. Já são 360 minutos sem sofrer gol. E não foi por falta de tentativas dos adversários. Contra o ASSU, o goleiro Tutti defendeu o pênalti, evitando que a defesa fosse vazada. Com isso, o Alvirrubro alcançou a liderança isolada da competição, com 12 pontos.

Mas, engana-se quem pensa que a invencibilidade, a de gols, é motivo de obsessão dos defensores americanos. Para eles, o que mais importa é a manutenção da liderança do campeonato. “O que mais importa é a vitória. Se sofrermos gol e o América sair vitorioso, ficarei feliz do mesmo jeito, caso a vitória chegue e não soframos gol. Mas estou aqui para trabalhar pelo clube e não para atingir marcas individuais. Vamos ter muito trabalho com o ataque do ABC, que é formado por jogadores experientes e de qualidade, mas temos que manter a concentração e a seriedade que nossas chances de anular o adversário crescem”, finalizou o zagueiro Mauro.

João Paulo espera acabar com o jejum de gols contra o América

Artilheiro do time em 2010, com quase 40 gols. Defende as cores do ABC desde 2007. Mas, ainda não conseguiu se consagrar em um clássico contra o América. O atacante João Paulo sempre que vai enfrentar o meio rival é perguntado se fica ansioso antes da partida, já que ainda não conseguiu marca gol contra o Alvirrubro. Nesse momento, ele interrompe a entrevista e diz: “Marquei sim. Ano passado fiz dois, na goleada de 7x0 sobre o América, pela segunda divisão do estadual”, relembra o atleta. É verdade. Mas, a direção americana decidiu, naquela partida, escalar o time com os jogadores abaixo dos 18 anos, para preparar o grupo que iria disputar a Taça São Paulo de Futebol Júnior, enquanto o ABC entrou em campo com a equipe titular.

O atacante não se lembra de quantos clássicos já participou, mas revela que foram menos que dez. A preocupação de marcar já foi deixada de lado, até porque, segundo ele, não existe cobrança por parte da torcida ou dos familiares que ele marque contra o América. Pelo contrário. “O pior de tudo é que tenho vários tios que são americanos. E todos me pedem para que eu não marque contra o América. Acho que já está virando uma sina minha. Mas, não me preocupo quando entra em campo. O que quero é ajudar o ABC. Se aparecer a oportunidade, lógico que vou querer marcar o gol”, revela João Paulo.

Vitória

Se na temporada passada o camisa 11 do Alvinegro era constantemente criticado por prender demasiadamente a bola, parece que 2011 mudou o pensamento de João Paulo. “Sempre é bom marcar gols, ainda mais se for contra o maior rival do seu clube. Mas, se for para ser como na partida contra o Potiguar, que além de marcar meu gol, consegui dar passes para os meus companheiros, vou repetir. O que mais importa é não deixar o América se distanciar. Vamos buscar a vitória sempre”, finalizou.

Bate-papo

» Dado Cavalcanti - treinador do América

Seu primeiro clássico como técnico do América contra o ABC. Ansioso?

Não mais do que o normal. É um jogo diferente. Mexe com a cidade, com o torcedor, mas nós que comandamos, não podemos nos envolver com tudo isso. Lógico que é interessante participar de uma partida como essa, mas nada fora do normal.

Você procurou saber como é o clima em um clássico entre os dois maiores clubes do Estado?

Procurei sim. Conversei com os remanescentes de temporadas passadas, que já vivenciaram o clássico, conversei muito com o Moura (supervisor técnico do América) sobre esse jogo, que já acompanhava de longe, em anos anteriores. Agora, de perto sempre é diferente. Mesmo sendo meu primeiro América e ABC, vou fazer de tudo para que meu time consiga a vitória.

O América, pela campanha que vem fazendo, é o favorito?

Não existe favoritismo em clássico, independente onde o jogo seja realizado. Tanto no Machadão, como no Frasqueirão, aonde se enfrentarem, ABC e América vai ser o vermelho contra o preto, não vai haver favoritismo e a disputa sempre vai ser grande e com certeza serão nos mínimos detalhes que a partida vai ser decidida.

O América ainda não sofreu gols na competição e o ABC tem o melhor ataque. Como parar o setor ofensivo do adversário?

Isso é mais um atrativo para o jogo, esse duelo entre a defesa e o ataque. Não existe receita, nem algo específico ou magia que possa ser feita. O que temos que ter é muita concentração. O ABC tem muita qualidade nos seus jogadores de frente. O Leandrão é um jogador de força, João Paulo é muito veloz, tem a aproximação dos meias, o Jackson é um atleta que conheço bem, muito inteligente, que sabe armar sua equipe. Vai ser uma missão difícil, e vamos ter que ter muita atenção.

Se vencer, o América abre seis pontos de vantagem do ABC. O pensamento é eliminar o rival da briga pelo primeiro turno?

Temos essa oportunidade. Mas não podemos esquecer dos outros adversários. O Santa Cruz está mais próximo de nós que o ABC, que ainda vamos fazer um confronto direto. O mais importante é esquecer o futuro e pensar no presente. Temos que estar focados no clássico, para irmos jogo por jogo alcançando nossos objetivos.